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terça-feira, 26 de abril de 2011

Gente assim, sabe? Gente!

Há os que passam deixando imagens. Do belo, da forte, da singela.

Há os que passam batidos, em uma escuridão sem cor nem intensidade. Passam, e nada deixam nem levam.

E há os que ficam. E que deixam olhares, e sorrisos, e encantos, sinceridade reconhecida no olho. Os especiais, esses habitam nosso estado de espírito, colorindo-o em uma gama infinita de cores e sensações que permanecem. Em memórias, em presenças. Ficam.


Quero falar de um casal, doce e divertido. Quero falar de uma dupla que tive o grande prazer de conhecer em Charleville, durante esta seleção. Chamam-se Violaine e Evandro, e ele também carrega Richard em seu nome de batismo.


Ela é doce, mas possui um furacão em seu interior. Eugenio Barba certa vez escreveu que é preciso ter o caos dentro de si para dar a luz a uma estrela dançante. Acho que ela é dessas pessoas. Faz bonecos de olhos profundos e dores enormes atreladas à pele de boneco que é matéria, mas que respira vivo em suas mãos delicadas. Ela não diz o que tem e o que é, mas é. E encanta, emociona, e arrisca. É francesa, e fala um português impecável. Com sotaque de Minas, carregado, leva um “sô” em suas expressões francesas.

Ele é de Minas Gerais. Contou que em sua cidade moram cerca de mil pessoas. É um dos caras mais sinceros e simples que conheci. “Eu tenho cabeça grande, sô, não entra nessas máscaras aí..!” E ri, com seu sorriso de menino. Compartilha tudo, e é sincero em seu ajudar. Ajuda. Companheiro, foi quem mais esteve ao lado do Ramin depois de ter saído a lista, estando aquele em momento triste. Evandro, também triste por não ter passado mas nunca desanimado, alegra. Em uma doçura mansa, com o nada faz todos à sua volta darem risadas enormes. E rimos, e rimos. Com seu macacão jeans e sua máquina fotográfica de 4cm em mãos, com flash que traz sorrisos certos. SEMPRE. Foi ele quem aprendeu a música do Irã que cantamos na despedida. Com cachimbo que ganhou do Ramin, chorou também como menino. É menino. Forte e guerreiro, tendo atravessado o universo para ali estar. E é menino travesso ainda assim.

Acho mesmo que as pessoas que modificam o mundo, o nosso mundo particular.

Lembro de quando me formei na UFBA, 3 anos e meio de teatro e padagogia para no final eu olhar para tudo isso e dizer: “valeu pelo André, pela Laurinha, pela Milana, pela Soninha, pela Juliana, pelo Makários, pela Cati..!” Valeu pelas pessoas, pelos mestres que pude chamar por apelidos, pela gente que habita os pensamentos, não o contrário. Pela gente que pensa, e não pelo que pensaram da gente e na gente.

Aqui também,valeu por eles. Pelo Evandro, pela Violaine, pelo Jorge, pela Thais (e foi merecido Thais, tenha certeza que foi!), pela Iris, pela Perrine, pelo Ramon, pelo Jose, pela Jurate da Lituânia - que nos comunicamos pouco com palavras pela dificuldade, mas muito pelos olhares porque estivemos juntas, vivas e entregues nos momentos mais tensos. Valeu pela gente, essa gente que reconhecemos gente, e que esteve transparente nestes dias de emoções fortes e vibrantes 24h, durante toda a semana. Gente que se mostra, e nos ensina no mostrar. Que vibra conosco e que se entristece, e sempre junto, e sempre estando.

Um abraço no coração de cada um!


(Colombí ?!?)

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