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quarta-feira, 13 de abril de 2011

A atmosfera começa a mudar

Charleville, 12 de abril de 2011

Ontem à noite descobri que a minha companheira de quarto é a moça ruiva da tarde, fiquei feliz de saber. Ela fala também o espanhol, então, quando o francês confunde, o espanhol explica.

O nome dela me disse, mas é alemão. Eu não entendo, e chamo-a de Ruiva, somente.

No Instituto, as provas continuam. Ruiva fez a prova no final da manhã, com um atraso de 40 minutos. Como sou a última de hoje, não sei mais que horas irei apresentar. Marcado, está 20h20min.

Tenho-me tranqüila porque me dei conta de que eu não preciso mostrar-me melhor, preciso apenas me mostrar, o que tenho feito por todos esses anos. Então é como a rua – o importante é ir, aproveitar o momento ao máximo. Se é bom ou não, disto não devo me importar, não agora.

Apresentarei a um júri de sete pessoas visíveis e mais não sei quantas invisíveis (que vêem de cima, no escuro, em silêncio) a Dona Bil, de Minas Gerais, companheira mais simbólica e real do que me representa. Fico feliz de ter ela ao meu lado, tão viva está também dentro de mim.

Hoje chegaram alguns homens, e isso anima o ambiente. Ruiva diz que já estão passados por homens serem, e concordamos com isso, rindo. São filetes em um mar de mulheres! (Um deles tem os olhos mais profundos que já vi, de se admirar).

Soube que inicialmente foram 200 inscritos, homens e mulheres, 75 estão aqui e, destes, saem 30 para o laboratório de cinco dias e, finalmente, 15 para a turma.

A maioria dos candidatos é de Paris, soube que á há um curso preparatório bem pago de 3 meses, exclusivamente, para entrar aqui. Bem, c’est la vie!

Na biblioteca, embriaguez de bonecos. Livros por todos os lados, com textos e, sobretudo (porque não me ative muito no francês) imagens inspiradoras! Passei lá a manhã. Encontrei relíquias como um livro da Pétra Werné, com fotos de Frantisek Zvardon chamado Histoire(s) Naturalle(s). Ela, uma escultora que descobriu durante as férias as maravilhas da “pequenez” dos jardins, criando personagens dos mais diversos tipos a partir do que encontrava na natureza, medindo de 13 a 23 cm cada uma de suas obras. Não sei dizer se utiliza animais encontrados vivos, mas pela leitura breve, me pareceu que não. Que colhe uma história que aparentemente já acabou, e a partir destas imagens constrói, delicadamente, uma outra criatura repleta de cores e encantos. Abaixo algumas esculturas, e deixo aqui o link para a página dela na internet.


Encontrei-me logo após com Ruiva, que comentou que haviam duas juradas que suspiravam alto o tempo todo quando apresentou-se com os bonecos, como que cansadas. Imaginei durante minha apresentação, se haveria um jeito de falar do cansaço, mas não tive idéias. Joguei ao vento, já.

Há pouco, comi feijão. Cansada de massas, encontrei feijão no mercado e fiquei contente. Tenho comido uns pratos que em 2 minutos ficam prontos no microondas, e custam muito barato por aqui.

(...)

E é isso, por enquanto.

2 comentários:

  1. Passei um mês nesta biblioteca, fico te imaginando por aí, tudo muito claro na minha mente, quase como se estivesse aí contigo, de certa forma, estou! Bjsss e merda sempre

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  2. Me diz uma coisa... Ela é ruiva mesmo? COMPLETAMENTE ruiva? huhasuhasuahsuhuhuakshkadhlskhakudhuahdlukashdusda

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