Etapa 2 de 3 da École Nationale Supérieure des Arts de la Marionnette = APROVADA!

Charleville- Mézière, 13 de abril de 2011

Noite de todos juntos na Villa, 75 jovens reunidos comendo, bebendo, jogando conversa fora, cantando e se divertindo. Nacionalidade das mais distintas: bonequeiros da França (todos os cantos deste país), Itália, Grécia, Suécia, Alemanha, Espanha, Texas, Libânia, Venezuela, Colômbia e Brasil. Dos brasileiros, feijoada exportada do nosso país – o que mora aqui fez questão de trazer um estoque, há um tempo – preparada em uma panela de pressão enorme. Eu ajudei cortando as laranjas (heheh..).

Juntos, acho que tentávamos esquecer um pouco a aflição que é saber que, dali a pouco, destes 75 profissionais restariam apenas 30, e os demais teriam que partir logo pela manhã, deixando de lado este desejo de aqui ficar – ao menos até o próximo concurso, em 2015.

Eu por vezes parava com minha caneca de vinho na mão e olhava para cada rosto, achando injusto que tivéssemos que nos separar estando há tão pouco tempo juntos, e tendo tanto a trocar. Entendo, mas acho triste.

Tendo chegado a hora marcada, caminhamos todos até a porta do Instituto onde seria divulgado o resultado, ainda em clima de festa porque, embora sabêssemos todos que logo muitos de nós estaríamos tristes, não havia mais o quê fazer... e se temos ainda este tempo, que seja alegre!

Junto a alguns integrantes do júri que aguardavam também no frio do lado de fora da Instituição, cantamos alto e gargalhamos. E lá ficamos ainda por cerca de meia hora até que a tal lista fosse presa ao mural, quando um bolo de gente em silêncio lotou a frente do mesmo. Eu fiquei parada um tempo olhando para aqueles que iam ao quadro – uns retornavam com felicidade nos olhos, dando pulos, enquanto outros permaneciam longo tempo em frente a lista, e, tendo conferido diversas vezes, davam passos para trás com lágrimas nos olhos. Cena triste de se ver, que se vê em qualquer canto, mas é sempre triste.

Tendo amenizado a quantidade de gente, foi a minha vez de dar passos à frente e pôr os olhos no papel impresso. Fui junto com o brasileiro e sua esposa, que reconheci como grandes amigos por aqui. Nós três olhamos juntos, ele disse a ela, baixinho, passei e você também, e quando se abraçaram eu também baixinho disse... e eu também.

Eles se abraçaram comigo, e tendo a outra brasileira também encontrado seu nome na lista, começamos a pular e cantar “Brasil, meu Brasil brasileiro..”. Eu era uma mistura de alegria com algo que não sei explicar, parecido com um não saber se realmente é este o meu querer mais sincero, tão longe de todos que quero tão bem.

De qualquer forma, agora haverá uma semana de atividades intensas com profissionais reconhecidos por aqui, todos os dias, durante todo o dia – incluindo aí o sábado e o domingo. Por isso estou realmente feliz, e de resto vamos ver o que se apresenta, como minhas vontades reagem, como a vida corre. Dos que eu queria muito que ficassem não ficou apenas a moça da Bélgica que parecia argentina, mas não era (e eu chamava-a assim: argentinne qui n’est pas argentinne, c’est belge, e ríamos juntas). Grande pessoa, sentirei saudades. Os demais, dos poucos mais chegados, estes passaram.

De 200 restam 30. E agora?