Adoro os restos, sou feita da matéria a qual Manuel de Barros pinta.
O finalzinho da pipoca. A sobra de massa pálida na geladeira. Os últimos amendoins do potinho abandonado no canto da mesa.
Um resto de despedida, mão acesa no alto do corpo. A fruta que caiu e ia virar adubo (já fui eu lá e comi!)
Hoje pedimos um pão e uma salada para duas. Não havia para mim olhares, só a delícia de se comer o simples com as mãos em pinça.
Sou um resto de farelo de pão na mesa. E uma ponta de dedo fofa a amassar e ir à boca.
Sou algo que foi ao chão e voltou, em um silêncio escondido de olhar de criança que come rápido e mal mastiga para não parecer errada.
Sou essa porcaria camuflada de gente.
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