Páginas

domingo, 15 de maio de 2011

Acrópole

Atenas / Grécia, 15 de maio de 2011

Falaram domingo não se paga para entrar. Falamos vamos domingo! No entanto, paguei. Em uma fila enorme de turistas, compramos tickets – só no primeiro sábado do mês que não se paga. Hoje sim, são 12 os euros.


Entramos debaixo de sol forte, a percorrer a brancura antiga que sempre vi em livros. Subindo ouvimos cuidado, é escorregadio. É, escorrega, dissemos. Brasileiras? Sim. Também. De onde? Porto Alegre. Também.


Logo próximo da entrada visualizamos um enorme teatro antigo, belo atrás de uma cerca longa. Grande, monumental, a fazer cócegas em meu acreditar. Como em uma lente de aumento, meus olhos refaziam a imagem dos livros onde aprendi sobre o teatro e intercalavam as imagens com esta recente, ainda mais viva e clara, e preenchida de história. Como é belo! Tempo a admirar, tempo a imaginar. Tempo a resgatar a vó, deparar tão pequenina com o enorme.


Seguimos andando. Acima, ainda mais perto do calor do sol, encontramos a Acrópole. Com seus braços fortes ao céu, fazendo moldura ao azul.


Grupos de todas as partes, muitos grupos de idosos a andar por entre as pedras. Muitos guias a explicar o passado, e eu de ouvidos alertas em uma pescaria de conhecimentos. E depois, tendo decido mais um pouco, o Teatro de Dionísio. Sentada na aba onde o Deus do teatro e do vinho fora tão respeitado e tendo ele vivido aqui – porque se vive também em sonhos, e no crer – respirei a poeira dos tempos. Estávamos lá, no berço. Lá onde contam que tudo começou, e agora é pó de visitas guiadas. Lá onde o branco se confunde com a cidade, ao fundo, ainda mais branca a receber o sol quente da primavera.


Ali, onde o passado toca o presente naquilo que permaneceu vivo – nem gente nem ator, memória registrada só. Templo, só. Escritos e monumentos lembrando de um antigo império onde agora se paga para se adentrar, e ver: sem gente, sem representação, sem cultos a deuses que permanecem mudos a levantar o queixo nas imagens de pedras da grande Acrópole. De gente, só turistas sós com seus guias em mãos ou em gentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário