Amsterdam, 4 de maio de 2011
Estava na hora de voltar para Itália. Após fazermos uma comida na cozinha aberta do camping, partimos para Amsterdam. Hoje choveu, como disse o senhor do ônibus de Lisse, com sua sabedoria de gente que vive em paz. Caminhamos pelo centro, vimos uma celebração a algo que não conseguimos entender o quê era, e depois fomos ao aeroporto.
Lá, resolvi vestir-me de Palitolina. Não tendo podido trazer todo o espetáculo nem o Mundo Miúdo e com o incentivo da Vili, resolvi improvisar. Não tem nada a perder, não é? Não tinha. Fui ao banheiro, me vesti. Ainda com a mochila nas costas, saí pelo aeroporto.
Em mãos levava um vidro com uma sobra do almoço – salsinha com molho, temperos e milho que havíamos guardado do almoço caso não houvesse tempo nem grana de comer algo melhor. Ficou na minha mochila, e o tirei para colocar no lixo. Mas quando saí do banheiro de Palitolina e com aquilo em mãos, não tive como não brincar.
Alô!! AAAAAAlô!! É pra você!!
Sentimentos são sempre sentimentos, e risadas também, em qualquer parte do mundo. Como sempre, houveram os que brincaram junto, os que olharam e riram de longe, os que acharam ridículo, os que ficavam tímidos, os que riram risada engraçada de mim e comigo. E mesmo sem falar o idioma, foi divertimento puro! Eu, em pleno aeroporto do país livre, brincando com o acaso...
Fiquei assim, sobe e desce de escadas, um brasileiro ali, o menino Tiago, telefone pra você! Foi divertimento o meu, e despreocupação – mesmo do outro lado do mundo, seguia brincando como se estivesse em casa. E estava, e estava!
Depois disso, tendo que ir para não perder o embarque, fui para o banheiro. Coloquei finalmente meu microfone/telefone improvisado no lixo, e não havendo muito tempo vesti minha roupa por cima.
Descobrimos algo sobre viagens na Europa. Se você carrega apenas bagagem de mão, fica realmente muito barato! Uma mala a mais e o preço sobe como antena de TV em telhado antigo – mais que o dobro a pagar. Então, quando passávamos no check-in, íamos atulhadas de roupas. A Vili nem tanto, mas eu ia gorda de casacos, saias uma por cima da outra, vestido, calça. Tudo para não pagar a mais. E neste retorno não foi diferente.
Mas estávamos saindo de Asterdãn, não de outro país. A fama explica a verdade, e a revista é mais rigorosa. Tiraram o notebook, olharam dentro para ver se não havia nada escondido. Disse o moço: tem líquido na tua mala, o quê é? Líquido? – disse eu. Comecei a tirar as coisas, uma garrafa térmica (do chimarrão)? O que mais tem aí? Shampoo? – tirei o meu pote com uma gota de shampoo. Tinha, realmente, uma gota apenas, visível na transparência. Ele riu, coloque tudo pra dentro, siga em frente.
A moça que fazia a revista apalpando as mulheres olhou para mim depois de eu ter passado no sensor que grita. Mas eu estava sem botas, com as meias listradas da Palitolina furadas na ponta, e com uma meia-calça branca encardida por baixo, também furada. Ela olhou-me de cima a baixo, e quando chegou embaixo, desistiu. Pode seguir moça – fez sinal.
O homem ainda brincou com o fato de sermos brasileiras. Realy?? Achava que éramos brancas demais para termos vindo do Brasil.
Seguimos rindo pelo corredor. Viagem inesquecível, em país igualmente inesquecível !
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