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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Amsterdam/Holanda, 2 de maio de 2011

Não gosto muito de criar expectativas antes de conhecer os lugares que vou. Adoro o gosto de descoberta que nasce junto a grandes encontros, e aqui não foi diferente. Não criei expectativas quanto à Holanda, fora em relação às tulipas – que foram determinantes para a vinda para cá porque há anos desejava vê-las. Mas eu na minha ignorância sequer sabia da fama de Amsterdam, das liberações, de tudo o mais. Mas não havia outra palavra a falar ao descer na estação da capital holandesa que não: nossa, como é livre tudo isso aqui!

O aroma de flores está em todas as partes, e os perfumes inundam a cidade e seus moradores e visitantes. Cheiro alegre de paz. Os metrôs possuem cores das mais diversas, e estampas diferentes em cada vagão que carrega os habitantes desse sonho perdido (ou achado?) no mapa.


Fizemos reserva em um hostel, o único local que paguei e pagarei para ficar aqui na Europa – que não é casa de amigos e amigas, nem hospedagem de Festival. Encontramos na internet este lugar, lindo e deveras afastado do centro, espalhando simplicidade em trailers que, enfileirados, hospedam as pessoas.



As chamadas “caravanas” hospedam de duas a três pessoas. Tem camas, guarda-roupas e armários embutidos – moraria aqui fácil, disse eu, nessa pequenice encantada. Tudo é decorado, é cuidado, sugere encontros e trocas. Uma pena eu não conseguir me comunicar em inglês – língua que aprendi a respeitar pelo simples fato de que com ela se chega a quase qualquer canto do mundo. Mas eu não falo, e não houve muito como trocar ideias com estranhos, o que me encanta fazer em lugares como este. E em outros, e em outros..


Fomos à cidade em uma van que o hostel oferece de hora em hora, 15 minutos e estamos no centro. E Amsterdam, além de suas bicicletas de todos os tipos e tamanhos, possui seus tradicionais Coffe Shop onde tudo se vende e consome. Mas não se vê ninguém mal, nem doidão nas ruas. É esta liberdade que me encanta, que não dá maior peso às coisas do que o peso que as coisas têm. As coisas aqui são simples e fortes, os olhares são intensos. Mas há uma rua no Bairro Vermelho onde está uma tal liberdade acorrentada, aos meus olhos: mulheres semi-nuas atrás de vitrines, a fazer pose para os homens que passam, e que podem entrar e pagar. Uma cena chocante, este zoológico disfarçado de cidade livre. Neste ponto não aceito, sou aqui moralista, sim. Não consigo ver nisto um não incentivo para prostituições muito mais pesadas e profundas, como abuso de menores e de gente que não quer estar por detrás de vitrines, mas está. Elas estão ali porque querem, há poder nisso. Em verdade, há. Mas é como poderosos de grandes cidades e grandes fortunas – para mim fedem a sangue aprisionado.

(Talvez agora dei mais valor às coisas do que o valor que elas têm... mas enfim..)




No Bairro Vermelho passou na minha frente o Marcelo D2, eu olhei com sobrancelhas em “V” e, tendo ele passado, disse alto querendo falar com a Vili: “até o Marcelo D2 tá aqui!”, ao que o filho dele me olhou e eu acrescentei, um pouco mais tímida: “e o filho dele também!”. Não me olhou mais. Seguiram a olhar as vitrines, e preferimos não atrapalhar a visão.


Voltamos para o hostel, tivemos uma noite fria! Disse a moça da recepção: hoje não precisarão de aquecedor, faz calor agora, aqui. Quase congelamos! Giramos como croquetes toda a noite nas camas, e não nos esquentávamos.

Um comentário:

  1. Bóóó
    Acabei de inserir Holanda no meu roteiro. Seilá eu pra quando, mas está.
    Adorei a touca no detalhe, pendurada.

    Beijo.

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