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terça-feira, 17 de maio de 2011

Cabo Sounio / Grécia, 17 de maio de 2011

Sempre bom retornar ao mar. Ele, senhor do azul, segue seu ritmo doce. E não importa onde se chega nem onde ele está – afora momentos de fúria, é sempre o mesmo, a ir e vir em carinhos brancos.

O mar é como as estrelas mortas no céu noturno: quando se olha para ele sempre se pode olhar junto. Um mesmo ponto que une dois olhares que imagina-se nunca serem capazes de se unir, mas lá estão, a observar o além, o mesmo, o que não se explica, que se admira e respeita.

Aqui o mar consegue ser mais transparente, e verde, e parece macio a suavizar o olhar.

Um presente esta minha vida. Aos pés da imensidão enxergo o quê fora noutros tempos construído por homens, e o que cá está e cá esteve. A vida faz sentido assim, sem pressas, sem medos, sem certezas, sem respostas.

Olho para o Templo de Poseidon (do Deus do Mar) e o admiro, ainda sem saber sua história. Mas a invento, e nisto há sabor de descoberta. São, hoje, as minhas histórias tão reais como as que contam os sábios. Porque quando não sou eu quem inventa, é alguém que sublinha, e nisto também não há criação?

Ao longe um barco com lenço deixa seu adeus de onda clara que se esconde no azul/verde gritante. Ao longe ilhas que mal pode-se ver, o olho falha no belo. No papel um inseto preenche o branco de vida. Lento e faceiro a vibrar as pequeninas antenas, não é nada além do que é. E assim preenche minha folha de vibrar de antenas, presença intensa e sentido mudo.

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